Quando falamos sobre alfabetização de pessoas com Transtorno do Espectro Autista

  1. Importância da identificação do nível no espectro
    Quando falamos sobre alfabetização de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), estudiosos destacam a importância de identificar o nível em que a pessoa se encontra no espectro. Isso é essencial para planejar adaptações, ajustes e repetições específicas ao seu processo.

  2. Relevância do método fônico
    O método fônico, descrito por Capovila (2007), é amplamente reconhecido como a abordagem com maior evidência científica na alfabetização. Esse método baseia-se na correspondência entre fonemas (som) e grafemas (letras), ajudando as crianças a desenvolver habilidades de decodificação essenciais para a leitura. No entanto, ao se tratar de crianças com TEA, é fundamental considerar a sua individualidade, incluindo características e dificuldades específicas.

  3. Individualidade das crianças com TEA
    Crianças com TEA possuem características e dificuldades únicas. Algumas podem ter excelente memória visual, enquanto outras podem ter dificuldades com habilidades de linguagem. Estratégias como instruções explícitas, uso de reforçadores positivos, recursos visuais e práticas repetitivas são fundamentais para maximizar o sucesso da alfabetização.

  4. Importância da sondagem diagnóstica
    Para garantir o êxito da aplicação do método fônico, é essencial iniciar uma sondagem diagnóstica. Esta avaliação inicial permite identificar o nível em que cada educando se encontra, suas características individuais, dificuldades e potencialidades. Com base nesses dados, o professor pode planejar e adaptar as atividades de acordo com as necessidades específicas de cada um.

  5. Processo estruturado em sala de aula
    A prática pedagógica para educandos com autismo deve seguir um processo estruturado, respeitando as etapas da alfabetização. Isso não apenas facilita a aprendizagem, mas também contribui para a criação de um ambiente inclusivo e adaptado às necessidades específicas desses alunos.

  6. Estratégias diversificadas para TEA
    É crucial considerar as características individuais dos educandos com autismo, como suas preferências, maneiras de interação e formas de processamento da informação. A implementação de estratégias diversificadas, que incluam recursos visuais, atividades práticas e uso de tecnologias assistivas, pode enriquecer o processo de ensino-aprendizagem, tornando-o mais acessível e significativo para esses alunos.

  7. Etapas essenciais de alfabetização

    • Consciência fonológica: A primeira etapa do processo de alfabetização é a consciência fonológica, na qual os indivíduos começam a desenvolver a habilidade de reconhecer e manipular os sons da fala. Essa fase é particularmente relevante para pessoas com TEA, pois facilita a transição para a leitura e a escrita.
    • Identificação e nomeação de letras: Após desenvolver a consciência fonológica, os aprendizes avançam para a identificação e nomeação das letras do alfabeto, que serve como base para a formação de palavras e frases.
    • Combinação de letras para formar palavras: Nesta etapa, a prática e a repetição tornam-se essenciais, considerando que muitos indivíduos no espectro podem apresentar variações na velocidade e na maneira de absorver novas informações.
  8. Rotas de leitura (Fonológica e Lexical)

    • Rota fonológica: Na rota fonológica, o leitor decodifica a palavra com base em seus componentes sonoros, ou seja, fonemas e sílabas. Este processo é fundamental para iniciantes na leitura, permitindo a construção gradual da habilidade de reconhecer palavras escritas.
    • Rota lexical: Uma vez que o leitor atinge um nível satisfatório de fluência na rota fonológica, ele pode acessar a rota lexical, onde o reconhecimento de palavras se torna mais automático. Isso facilita a compreensão mais profunda do texto.

    Dificuldades específicas: Para indivíduos com TEA, podem surgir dificuldades em ambos os processos de leitura, o que pode retardar a aquisição da fluência. A intervenção educacional precisa considerar essas particularidades.

  9. Colaboração entre professores, especialistas e famílias
    A colaboração entre professores, especialistas e famílias é fundamental para criar um suporte contínuo e consistente, promovendo melhores oportunidades de aprendizagem para o educando com TEA.

  10. Conclusão
    Ao integrar a sondagem diagnóstica com um planejamento estruturado e flexível, os educadores podem promover uma aprendizagem eficaz, respeitando o ritmo e as particularidades de cada educando. Assim, as etapas de alfabetização desempenham um papel fundamental no desenvolvimento de crianças, jovens e adultos com TEA, estabelecendo uma base sólida para a comunicação e o aprendizado contínuo ao longo da vida.

Referências
SEABRA, A. G., CAPOVILLA, F. C. Alfabetização, método fônico. 4ª ed. São Paulo: Memnon, 2007.
SOARES, Magda. Alfaletrar: toda criança pode aprender a ler e a escrever. São Paulo: Contexto, 2020. 352 p.

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