Acolher e acompanhar a pessoa em ações intencionadas pedagógico-terapeuticamente tem por meta educar pela sua experiência ativa no mundo. Aqui o educador leva a pessoa através de sua própria representação mental. O pensar, o sentir e o querer das crianças, adolescentes e adultos são estimulados na educação terapêutica. A premissa é que o educador engaje seu próprio pensar, sentir e querer nesse processo, para agir como um mediador das ações dessas pessoas.
A postura, baseada na empatia do educador, pode levá-la a sentir que está sendo compreendida, premissa fundamental para seu desenvolvimento nas ações de seu cotidiano. Uma ação que se torna pedagógico-terapêutica só se concretiza quando se dirige a um interesse concreto da pessoa.
As influências externas que atuam sobre a vida do indivíduo devem também ser acolhidas ativamente, elaborá-las e tomar iniciativa a partir delas. Esta interação de fatores exteriores e interiores participa da constituição da pessoa e tem uma importância essencial para sua vida.
Na realidade educativa é natural que estes processos interajam e sejam compreendidos como uma conexão complexa de fatores interativos. A separação só se faz academicamente, mas só consegue ser estabelecida com um trabalho diferenciado e com a formação do profissional de educação terapêutica.
No processo educacional é imprescindível recorrer à Transdisciplinaridade. Uma Escola Terapêutica só será completa dentro dela. É necessário romper com as fronteiras entre uma disciplina e outra, buscando a compreensão da pessoa e a aquisição de seus conhecimentos de maneira contextualizada.
Esta abordagem científica, a Transdisciplina, vem modificando a forma como o homem se volta para si mesmo e procura entender seu papel no mundo e também a própria compreensão da interação do universo com o ser humano, na construção do saber.
O termo Transdisciplina foi criado pelo educador Jean Piaget, no I Seminário Internacional sobre Pluri e Interdisciplinaridade em 1970, na Universidade de Nice. O tema é hoje um dos elementos científicos mais abordados por pesquisadores da Centre International de Recherches et d`Études transdisciplinaires (CIRET), pela necessidade de preservar sua singularidade, evitando incorrer no erro de se converter em uma única esfera do conhecimento.
Para a transdisciplinaridade, é preciso haver um pensamento organizador, chamado pensamento complexo. Nela o verdadeiro problema não é fazer uma adição de conhecimento, é organizar todo o conhecimento. Além disso, do ponto de vista humano, a transdisciplinaridade é uma atitude empática de abertura ao outro e seu conhecimento.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) já têm definido alguns princípios básicos da educação que seriam o pluralismo de ideias e concepções pedagógicas, na perspectiva da inter, multi e transdisciplinaridade.
Dentro deste contexto descrito por Baptista e Bossa (2002), a finalidade da Transdisciplina é a compreensão de cada pessoa, de modo que haja uma unidade plural de conhecimentos e tem como fundamentos epistemológicos o trabalho em equipe, a geração de novas alternativas e estratégias de intervenções psicopedagógicas, a familiaridade dos educadores com cada área diferente da sua, a legibilidade e compartimento dos discursos e a tomada de decisão do consenso grupal.
Uma vez estabelecidas as metas e a prioridade de intervenções pela equipe, o tema a ser trabalhado segue a singularidade de cada área, mas com objetivos em comum.
“Segundo Caon (1994), na Transdisciplina importa muito mais a postura, as ações ou intervenções terapêuticas do educador no acolhimento da pessoa com dificuldades, do que a solução do problema a que as estratégias se destinam e uma tentativa de recriar novamente a essência de cada pessoa em questão”.