Neuroplasticidade e sua importância para o autismo

O cérebro é nossa caixinha de inteligência e aprendizado. Composto de 78% de água, 10% de gordura, 8% de proteína, 1% de carboidrato, 1% de sal e 2% de outros componentes, o cérebro humano tem, aproximadamente, 100 bilhões de neurônios células nervosas cerebrais. Cada um desses neurônios pode fazer entre mil e várias centenas de milhares de sinapses, ou seja, conexões.

Para isso, o cérebro está sempre em movimento e diante da sua capacidade de se reorganizar à medida em que recebe informações e estímulos externos, que temos a chamada neuroplasticidade. Mas qual a relação da neuroplasticidade com o Transtorno do Espectro Autista (TEA)?

Para falar sobre o que é e qual a importância da neuroplasticidade no diagnóstico precoce do autismo, preparamos este artigo. Acompanhe a leitura e veja como essa parte que representa cerca de 2% do peso do nosso corpo é feita de uma imensidão de possibilidades.

O que é neuroplasticidade?

Neuroplasticidade é a capacidade que o cérebro tem de se ajustar, se adaptar e mudar, de acordo com os afetos e os estímulos exteriores. O entorno atua no cérebro e, por meio de um processo dinâmico, ele vai se moldando frente às diferentes experiências. É um caminho pelo qual se aprende – ou se reaprende.

A primeira vez que o termo plasticidade foi aplicado ao contexto do cérebro foi em 1890, pelo filósofo e psicólogo americano, William James. Já em 1948, o termo neuroplasticidade foi usado pela primeira por Jerzy Konorski, neurofisiologista polonês.

Dessa forma, essas palavras passaram a formar um termo que se refere às muitas alterações estruturais e funcionais que o cérebro pode sofrer ao longo da vida. Assim, quando falamos em neuroplasticidade (plasticidade cerebral ou plasticidade neural), falamos da capacidade que o cérebro tem de mudar ou de se adaptar diante da interação com o meio.

No entanto, vale destacar que essa capacidade cerebral tem “a sua época” ou, melhor dizendo, um período no qual há maior disposição para mudanças e aprendizados. Uma época seria a infância, período no qual os sistemas neurais estão “mais maleáveis e mais dispostos” a aprender ou a se adaptar.

Por isso, as experiências na infância são tão marcantes e importantes para o desenvolvimento de uma pessoa. As vivências, os afetos, as relações moldam o cérebro, estimulando a formação de ligações de neurônios sensitivos e regiões neurais.

Cabe também salientar que todos passamos no decorrer da vida por podas neuronais em que neurônios não fundamentais (no entender daquele organismo) podem ser descartados. Muitas vezes, porém, neurônios importantes para o neurodesenvolvimento podem ser “podados” de forma equivocada. A presença de estimulação o mais precocemente possível possibilitará uma poda neuronal mais adequada.

Portanto, a neuroplasticidade nos fala da capacidade do nosso cérebro em ser maleável, “de plástico”, com poder de absorver novos aprendizados a partir dos estímulos do ambiente, da motivação e da repetição deles. Mas qual a relação da neuroplasticidade com o autismo?

Vamos responder a seguir!

O autismo no Brasil e no mundo

Antes, no entanto, de responder à pergunta acima, vamos lembrar que o autismo – nome técnico oficial é Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) – trata-se de uma condição de saúde caracterizada por déficit na comunicação social (socialização e comunicação verbal e não verbal) e comportamento (interesse restrito ou hiperfoco e movimentos repetitivos). Assim, o autismo é uma síndrome complexa, com diferentes nuances e formas de manifestação.

Segundo a ONU, há mais de 70 milhões de pessoas com autismo no mundo. De acordo com dados do CDC (Center of Diseases Control and Prevention), órgão ligado ao governo dos Estados Unidos, há um caso de autismo a cada 110 pessoas. Então, a partir disso, estima-se que o Brasil, com 200 milhões de habitantes, tenha cerca de 2 milhões de pessoas com TEA.

Diante desses números, fica evidente a necessidade de políticas públicas de cuidado, tratamento e diagnóstico adequados, além da conscientização das pessoas para compreensão do autismo.

Em relação ao diagnóstico, os órgãos de saúde mundiais são unânimes ao alertar que somente o diagnóstico precoce, e consequentemente o início de uma intervenção prematura, pode oferecer melhores condições para melhora da qualidade de vida das pessoas com esse transtorno.

TEA sua relação com a neuroplasticidade

Vamos, então, entender a relação e a importância da neuroplasticidade para o TEA e, em especial, em seu diagnóstico precoce. Sabemos que o autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento, ou seja, ao longo do seu processo de evolução, o cérebro se desenvolve e funciona de forma diferente, indicando alterações em áreas relacionadas à comunicação e à socialização.

Mas, como vimos neste artigo, a plasticidade é uma característica importante do cérebro humano e as pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) também têm a possibilidade de desenvolver e aperfeiçoar as suas habilidades por meio de experiências e estímulos externos.

No entanto, para que o potencial da neuroplasticidade possa ser ativado de maneira eficiente e positiva dentro do TEA, é importante que as ações de aprendizagem sejam adequadas e capazes de estimular os neurônios com objetivo de contribuir no caminho da reabilitação e da otimização de resultados funcionais.

Por isso, essa jornada deve atender às necessidades de cada pessoa de forma bastante única e oferecer recursos para melhora das habilidades e conquista progressiva de autonomia.

Diagnóstico precoce e a neuroplasticidade como aliada

O diagnóstico precoce do autismo, ainda na infância, se coloca como fundamental para que os resultados gerados pela neuroplasticidade se coloca como fundamental para que os resultados gerados pela neuroplasticidade sejam ainda mais efetivos. Pois, como falamos, o cérebro jovem tem mais disposição para aprender – ou reaprender. 

Sendo assim, quanto mais cedo são introduzidas novas práticas e rotinas terapêuticas compostas por estímulos para movimentar e levar ao funcionamento do cérebro, mais os neurônios podem ser treinados para avançar no aprendizado e na superação de limitantes decorrentes do transtorno.

Para finalizar este artigo, vale ressaltar que quanto mais cedo as pessoas passarem por intervenções adequadas, maiores serão as chances de um prognóstico mais positivo. O cérebro novo ? uma caixinha ainda mais potente e aberta ao conhecimento e ao aprendizado.  

Então, para as crianças diagnosticadas com TEA, o ensino ou a terapia, como estímulo externo ? plasticidade cerebral, deve ser lídico, planejado e individualizado, sempre com foco no bem-estar e no desenvolvimento capaz de gerar autonomia e ampliar o repertório global dos pequenos, reduzindo, assim, os sinais do autismo. 

Bem, esperamos que as informa??es compartilhadas aqui sobre a rela??o e a importância da neuroplasticidade com o autismo tenham sido úteis para você. Para acessar mais conteúdos sobre TEA, acesse nosso blog.?

Até o próximo! 🙂

Fontes: 

USP

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